terça-feira, 26 de julho de 2011

Sobre "Forró Universitário" e demais estilos musicais que "fazem sucesso"

O texto abaixo foi escrito a algum tempo pelo escritor e então secretário de cultura do estado de Pernambuco Ariano Suassuna. Antes de vocês começarem a ler, talvez seja necessário eu "traduzir" para alguns de voces alguns termos do "nordestinês" usados no texto:

- Rapariga: Prostituta;
- Raparigueiro: Homem galinha;
- Gaia: O mesmo que chifre, no sentido de traição conjugal;
- Priquito: Relativo a genitália feminina;
- Rola: Genitália masculina.
Duvidas com qualquer outro termo é só perguntar.

No título do post eu falei em "forró universitário" mas o termo que se usa no nordeste é "forró estilizado". Agora vocês devem perceber que outros estilos que "fazem sucesso" cabem perfeitamente no lugar do "forró estilizado" dessa crítica. Só para não ficar muito vago, o "Funk Carioca" responde até no mesmo nível de "promiscuidade". (no melhor estilo "Bolsonaro")

Quem sabe vocês lendo algo que foi escrito por outra pessoa vocês valorizem um pouco mais o que eu tenho falado por anos a fio.

CRÍTICA DE ARIANO SUASSUNA SOBRE O FORRÓ ATUAL

'Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.

Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.

Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.

Ariano Suassuna

Observação:

O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhado uma música da Banda Calipso, que ele achava (e deve continuar achando, claro) de mau gosto. Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de 'forró', e Ariano exclamou: 'Eita que é pior do que eu pensava'.
Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou. Realmente, alguma coisa está muito errada com esse nosso país, quando se levanta a mão pra se vangloriar que é rapariga, cachaceiro, que gosta de puteiro, ou quando uma mulher canta 'sou sua cachorrinha', aonde vamos parar? Como podemos querer pessoas sérias, competentes e de bom gosto? E não pensem que uma coisa não tem a ver com a outra não, pq tem e muito! E como as mulheres querem respeito como havia antigamente? Se hoje elas pedem 'ferro', 'quero logo 3', 'lapada na rachada'? Os homens vão e atendem.
Vamos passar essa mensagem adiante, as pessoas não podem continuar gritando e vibrando por serem putas e raparigueiros não. Reflitam bem sobre isso, eu sei que gosto é gosto... Mas, pensem direitinho se querem continuar gostando desse tipo de 'forró' ou qualquer outro tipo de ruído, ou se querem ser alguém de respeito na vida!

domingo, 10 de julho de 2011

Netiqueta

Depois de um longo periodo de hibernação, estou de volta. Vejamos se desta vez eu consigo engrenar com este blog.

Eu não sei vocês, mas desde quando eu me lembro a minha caixa de e-mails esteve cheia. Eu me comunico tanto por e-mail que eu não consigo mais lembrar se eu falei algo pessoalmente ou se eu escrevi em um e-mail. Talvez por isso eu me irrite tanto com SPAM, pois é algo que além de me atrapalhar e entupir minha caixa com lixo, serve como vetor de malware e torna a internet menos segura.

Ninguém sozinho tem condições de resolver o problema, mas não é por causa disso que eu não vou fazer nada. Se as pessoas tomassem alguns cuidados simples na hora de enviar e-mails, a coisa não seria tão feia...

Imagine a seguinte situação: Você recebeu uma mensagem e acha que alguém que você conhece gostaria de recebe-la, então você decide encaminhar a mensagem. Ai você abre a mensagem e clica no botão encaminhar e vai adicionando toda a sua lista e clica em "Enviar"... PARE AGORA MESMO!

- Você não está adicionando destinatários como Cópia Oculta (CCO ou BCC), está? Pois devia. Se você não fez, você expôs os e-mails dos seus amigos a Spammers. Não, infelizmente não é exagero: Basta apenas 1 dos seus amigos já estar infectado com Vírus para que toda a lista vá para uma espécie de "cadastro" que os spammers tem, e ai os pobres coitados começam a receber mensagens com "as fotos da festa" contendo vírus ou qualquer outro tipo de propaganda.
- A menos que seja de extrema importância frisar que o e-mail passou na mão de todo mundo antes de chegar em você, você deve apagar os "EN", "ENC", "FW", "RE", "RES".
- Apague todo o lixo que aparece antes e depois da MENSAGEM que você quer encaminhar. isso inclui os e-mails das milhões de pessoas que receberam antes de você, e os rodapés de mensagem do hotmail e yahoo. (ninguém lê mesmo aquilo, porquê você está passando adiante?)
Pronto; Só com esses cuidados você já melhorou muito a sua mensagem e a pessoa que vai receber vai considerar com mais carinho a possibilidade de gastar alguns minutos da vida dela lendo a mensagem que você enviou. Sim, é assim que funciona.

Em um próximo post, irei escrever sobre algumas baboseiras que recebemos por e-mail. Até lá!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Internet moldando a sociedade

Já fazia tempo que eu não escrevia nada, mas por culpa da Renata Leal agora "vocês vão ter que me engolir!"

A boa do momento é uma notícia que ela própria trouxe; Resolveram perguntar aos jovens como eles consomem mídia... e o resultado foi este.

Simplesmente não consigo expressar o quanto eu fiquei feliz por ver que alguém conseguiu explicar algo que eu já percebia a bastante tempo (E que já tem bastante gente cantando esta bola): Modelos de negócios baseados em venda física de ítens que podem ser digitalizados sem perda de valor estão fadados à extinção. É, não adianta querer vender caro por algo que possa ser baixado pela internet (ainda que ilegalmente), alegando valor agregado ou qualquer outro conceito de marketing (possivelmente ultrapassado). Isso é ainda mais crônico aqui no Brasil, aonde se inssiste em cobrar preços acima da realidade do brasileiro esperando que ele "faça um esforço" para comprar...